sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O que pode ser feito para melhorar a arbitragem do Brasil?

  No campeonato brasileiro de 2015, uma questão aflige praticamente todos os times: as péssimas atuações do trio de arbitragem. Algumas equipes se sentem mais prejudicadas que outras, mas, de qualquer maneira, é necessário refletir sobre o que pode ser feito para que elas melhorem. É fundamental propor mudanças para que os atletas e os técnicos parem de reclamar e pensem apenas na parte técnica e tática no jogo, e a arbitragem se torne apenas um mero coadjuvante dentro da cancha.

Árbitros escoltados após o jogo são o símbolo do protagonismo que esses indivíduos assumiram no futebol do Brasil 
  
  O ponto principal a ser discutido é a desvalorização que esses indivíduos sofrem. No mundo do futebol, em que os salários passam da casa dos milhões, os donos do apito e da bandeira se sentem os “patinhos feios” da história. São muito mal remunerados, se comparados ao resto dos profissionais desse esporte, e exigem maiores ganhos pelos seus trabalhos.

  De fato, se todos reivindicam melhores rendimentos desse grupo, é essencial que as federações regularizem a profissão de árbitro. Assim, os responsáveis pela arbitragem não precisam ter outros empregos e podem se preparar mais para os torneios. Ademais, bonificações para quem apitar de forma correta, como ocorre com os atletas quando atingem metas estabelecidas pela diretoria, também são válidas, uma vez que os incentivam a sempre evoluir na condução da partida, agindo de forma honesta e coerente.

  Se errar faz parte da condição humana, mesmo com essas gratificações, alguns falhas serão inevitáveis. Dessa maneira, é preciso ponderar sobre a aplicação da tecnologia no futebol. O campeonato inglês pode servir de exemplo, pois utiliza um equipamento que verifica se a bola passou ou não da linha do gol. Se a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, adotar esse recurso, já é o primeiro passo para evitar algumas discussões extracampo que rondam o esporte bretão.

Goal-line technology já é adotada em alguns campeonatos ao redor do mundo, como o inglês
  
  Se aprovarem a ideia e quiserem avançar ainda mais nesse meio, os dirigentes podem se inspirar em outros esportes, como o tênis e o futebol americano. No primeiro, é possível que o jogador peça a ajuda da tecnologia para verificar se a bolinha bateu ou não dentro do campo adversário. Já no segundo, os times têm o direito de pedir, duas vezes durante um jogo, para que a arbitragem revise um lance duvidoso. Através de um televisor que mostra o momento por todos os ângulos possíveis, os árbitros podem analisar com mais calma e clareza, e tomam a decisão com muito mais certeza.

Árbitros do futebol americano revendo um lance polêmico com a ajuda da tecnologia 
  
  Para que essas intervenções eletrônicas sejam adaptadas para o futebol, é importante que seja discutida por profissionais para que atrapalhem o mínimo possível de um jogo. Uma sugestão pessoal é que seja adotado o direito dos times protestarem da decisão do juiz por 3 vezes durante uma partida. As autoridades poderiam rever a polêmica com mais detalhes e com todos os recursos envolvidos, como câmera lenta e imagem congelada, e, consequentemente, muitos erros seriam evitados.

  Profissionalização da arbitragem e uso da tecnologia são dois aspectos que podem ajudar, e muito, a polir esse empecilho que tanto incomoda os brasileiros. Mas isso tudo se torna irrelevante diante de um problema muito maior no futebol do país: as autoridades da CBF.

  Há pouco menos de um ano, falei sobre este assunto (você pode conferir o texto aqui ) e nada mudou. Na verdade, só piorou. Como que uma Confederação, em que o ex-presidente foi preso há poucos meses, pode passar um pingo de confiança? O futebol brasileiro é administrado por pessoas que são investigadas por envolvimentos em esquemas de corrupção, logo, o que se vê na principal competição da entidade é apenas  o reflexo disso.

  Em uma nação tomada por propinas e irregularidades, é difícil imaginar que os erros da arbitragem são apenas erros naturais. A polícia precisa apurar com afinco a CBF e punir quem for necessário. Depois disso, com pessoas sérias no comando, os árbitros terão o trabalho reconhecido, poderão evoluir e certamente não irão mais atrapalhar os jogos como está acontecendo.

  Com essas providências, o futebol brasileiro poderá voltar ao normal.  A torcida sairá do campo triste ou feliz, na maioria das vezes por culpa do resultado e do rendimento do time, e pouquíssimas vezes por interferência da arbitragem. O resultado de um campeonato será decidido pela competência da equipe vencedora e pelo seu esforço em conseguir as vitórias por conta própria. Os jogadores ficarão preocupados apenas em jogar bola e os técnicos em montar o esquema tático e melhorar o psicológico do time. E os incompetentes ex-árbitros, que conseguiram empregos como “comentaristas de arbitragem”, serão demitidos.

  

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