No campeonato brasileiro de 2015, uma questão aflige
praticamente todos os times: as péssimas atuações do trio de arbitragem.
Algumas equipes se sentem mais prejudicadas que outras, mas, de qualquer
maneira, é necessário refletir sobre o que pode ser feito para que elas melhorem.
É fundamental propor mudanças para que os atletas e os técnicos parem de
reclamar e pensem apenas na parte técnica e tática no jogo, e a arbitragem se
torne apenas um mero coadjuvante dentro da cancha.
Árbitros escoltados após o jogo são o símbolo do protagonismo que esses indivíduos assumiram no futebol do Brasil |
O ponto
principal a ser discutido é a desvalorização que esses indivíduos sofrem. No
mundo do futebol, em que os salários passam da casa dos milhões, os donos do
apito e da bandeira se sentem os “patinhos feios” da história. São muito mal
remunerados, se comparados ao resto dos profissionais desse esporte, e exigem
maiores ganhos pelos seus trabalhos.
De fato, se
todos reivindicam melhores rendimentos desse grupo, é essencial que as
federações regularizem a profissão de árbitro. Assim, os responsáveis pela
arbitragem não precisam ter outros empregos e podem se preparar mais para os
torneios. Ademais, bonificações para quem apitar de forma correta, como ocorre
com os atletas quando atingem metas estabelecidas pela diretoria, também são
válidas, uma vez que os incentivam a sempre evoluir na condução da partida,
agindo de forma honesta e coerente.
Se errar faz
parte da condição humana, mesmo com essas gratificações, alguns falhas serão
inevitáveis. Dessa maneira, é preciso ponderar sobre a aplicação da tecnologia
no futebol. O campeonato inglês pode servir de exemplo, pois utiliza um
equipamento que verifica se a bola passou ou não da linha do gol. Se a
Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, adotar esse recurso, já é o primeiro
passo para evitar algumas discussões extracampo que rondam o esporte bretão.
Goal-line technology já é adotada em alguns campeonatos ao redor do mundo, como o inglês |
Se aprovarem
a ideia e quiserem avançar ainda mais nesse meio, os dirigentes podem se
inspirar em outros esportes, como o tênis e o futebol americano. No primeiro, é
possível que o jogador peça a ajuda da tecnologia para verificar se a bolinha
bateu ou não dentro do campo adversário. Já no segundo, os times têm o direito
de pedir, duas vezes durante um jogo, para que a arbitragem revise um lance
duvidoso. Através de um televisor que mostra o momento por todos os ângulos
possíveis, os árbitros podem analisar com mais calma e clareza, e tomam a
decisão com muito mais certeza.
Árbitros do futebol americano revendo um lance polêmico com a ajuda da tecnologia |
Para que
essas intervenções eletrônicas sejam adaptadas para o futebol, é importante que
seja discutida por profissionais para que atrapalhem o mínimo possível de um
jogo. Uma sugestão pessoal é que seja adotado o direito dos times protestarem
da decisão do juiz por 3 vezes durante uma partida. As autoridades poderiam
rever a polêmica com mais detalhes e com todos os recursos envolvidos, como
câmera lenta e imagem congelada, e, consequentemente, muitos erros seriam
evitados.
Profissionalização da arbitragem e uso da tecnologia são dois aspectos
que podem ajudar, e muito, a polir esse empecilho que tanto incomoda os
brasileiros. Mas isso tudo se torna irrelevante diante de um problema muito
maior no futebol do país: as autoridades da CBF.
Há pouco
menos de um ano, falei sobre este assunto (você pode conferir o texto aqui ) e
nada mudou. Na verdade, só piorou. Como que uma Confederação, em que o
ex-presidente foi preso há poucos meses, pode passar um pingo de confiança? O
futebol brasileiro é administrado por pessoas que são investigadas por
envolvimentos em esquemas de corrupção, logo, o que se vê na principal
competição da entidade é apenas o
reflexo disso.
Em uma nação
tomada por propinas e irregularidades, é difícil imaginar que os erros da
arbitragem são apenas erros naturais. A polícia precisa apurar com afinco a CBF
e punir quem for necessário. Depois disso, com pessoas sérias no comando, os
árbitros terão o trabalho reconhecido, poderão evoluir e certamente não irão
mais atrapalhar os jogos como está acontecendo.
Com essas
providências, o futebol brasileiro poderá voltar ao normal. A torcida sairá do campo triste ou feliz, na
maioria das vezes por culpa do resultado e do rendimento do time, e
pouquíssimas vezes por interferência da arbitragem. O resultado de um
campeonato será decidido pela competência da equipe vencedora e pelo seu
esforço em conseguir as vitórias por conta própria. Os jogadores ficarão
preocupados apenas em jogar bola e os técnicos em montar o esquema tático e
melhorar o psicológico do time. E os incompetentes ex-árbitros, que conseguiram
empregos como “comentaristas de arbitragem”, serão demitidos.
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