quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A história de Ángel Correa: do inferno ao paraíso

  Ángel Correa sempre teve o sonho de ser jogador profissional de futebol. Mostrava paixão pela bola desde os primeiros passos na cidade natal, Rosário, na Argentina, e, o mais importante, apresentava um enorme potencial. Com muito esforço, conseguiu alcançar seu objetivo, mas jamais imaginava os caminhos tortuosos pelos quais teria que passar para obter êxito. O argentino, para tanger o maior de seus desejos, o paraíso, que era jogar a Champions League, foi do céu ao inferno.

   O garoto, revelado nas categorias de base do San Lorenzo, sempre se destacou e jogou diversas vezes nos times juvenis da seleção argentina. E quando entrou para o time profissional do San Lorenzo, aos 18 anos, em 2013, fez história. Foi uns dos protagonistas da maior conquista da história do clube: a Libertadores da América. Com muitos gols e assistências, além de lances de habilidade, atraiu os olhares de diversos clubes da Europa. 

  Foi inevitável. Ainda durante o torneio sul-americano, foi vendido ao Atlético de Madrid, por 7,5 milhões de euros. Proposta irrecusável que, além de ajudar o clube do coração, seria a realização de um sonho de criança. Uma trajetória irretocável e vencedora, mas que teria capítulos de dor e sofrimento.

  Ao realizar os exames médicos para assinar com o clube espanhol, uma surpresa. Ángel teve diagnosticado um tumor no coração. Seria necessária a ajuda de anjos, ou melhor, médicos, além de uma “mãozinha” divina. O jovem foi se tratar em um dos melhores hospitais do mundo, em Nova Iorque, e teria que abandonar sua maior alegria por tempo indeterminado.

  Foram 6 meses de angustia e superação, até a sua cura. Ángel venceu mais uma batalha na sua vida e poderia finalmente enfrentar novos desafios, mas agora dentro das quatro linhas.

  No segundo semestre de 2015, Correa foi reintegrado ao elenco do Atleti. Participou da pré-temporada e já entrou em algumas partidas oficiais. Marcou seu primeiro gol nos gramados europeus e após a luta contra o tumor, na quarta rodada do Campeonato Espanhol, na vitória de 2x0 contra o Eibar. Mas galgaria o seu maior sonho alguns dias depois.

  
  Hoje, Ángel fez sua estreia na principal competição de clubes do mundo, a Champions League. No seu primeiro dia no paraíso, na partida contra o Benfica,  já mostrou o seu potencial e que está totalmente recuperado. Marcou seu primeiro tento pelo torneio no início da partida. Gol que não ajudou o seu time a conquistar a vitória, pois o jogo terminou 2 x 1 para os portugueses, mas que teve um gosto especial para o argentino.


  
  Agora, Ángel Correa luta por novos objetivos. Possivelmente, sonha em jogar pela seleção principal de seu país em uma Copa do Mundo e, talvez, até  em ser uns dos melhores do planeta. O armador já demonstrou do que é capaz, tanto dentro quanto fora do campo de futebol, e, daqui pra frente, certamente terá adversidades menos aterrorizadoras. Que esteja sempre saudável para desfrutar seus dias no tão almejado paraíso.




segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Volta pra casa, Ronaldinho!

  Na noite desta segunda-feira, dia 28 de setembro, Ronaldinho Gaúcho rescindiu o contrato com o Fluminense. Foram 3 meses no clube das laranjeiras. 3 meses de um desastre. Não marcou nenhum gol nem deu nenhuma assistência. Não deu dribles e criou pouquíssimas chances de gol. Na sua chegada, encheu a torcida de esperança e, no fim, frustrou a todos. Como ocorreu no Flamengo, sairá pela porta dos fundos. E agora, quem acreditará em Ronaldinho e o dará mais um oportunidade?

  O craque já está em idade avançada, vai fazer 36 anos no começo do ano que vem, e as portas estão se fechando. Poucos ainda acreditam que Ronaldo de Assis fará a diferença e não será apenas um peso para as contas do clube.  Sua última boa aparição foi em 2013, no Atlético-MG. E talvez seja esse o lugar ideal que poderá acolhê-lo para que finalize com primor a sua carreira.

  Em 2012, quando chegou ao time de BH, a grande maioria apostava no seu insucesso. Entrou pela portas dos fundos, mas, com o passar do tempo, tornou-se o protagonista de um momento áureo na história do clube. É aclamado pela torcida e certamente sente saudades do pão de queijo e das montanhas de Minas Gerais. Então, por que não reviver o que deu certo e unir a paixão do torcedor com um último suspiro de felicidade para o gênio da bola?

  Atualmente, o Galo não precisa do Ronaldinho, mas, se ele quer terminar sua história no futebol com um sucesso, indubitavelmente precisa do Atlético. Logo, por que não presenteá-lo, como forma de agradecimento por tudo o que fez pelo clube, com uma nova chance de vestir a camisa alvinegra? Sugiro um contrato curto para 2016, até o final do Campeonato Mineiro ou talvez até o fim da Copa Libertadores. Um acordo de “compadres”, com um salário simbólico, que agrade as duas partes. O Atlético ganhará com o marketing e, mesmo se for um fracasso, não sairá prejudicado.

  O gaúcho-mineiro certamente analisará a proposta com carinho. Nunca foi tão bem acolhido no Brasil como foi em BH. É tratado como ídolo e não terá a pressão pelas boas atuações. Qualquer lance isolado genial já será um presente para a massa que tanto o admira e que quer vê-lo jogar novamente. Será a oportunidade de finalizar sua trajetória com um título e, o mais importante, nos braços dos torcedores que o idolatram.

  Se eu fosse ele, não teria dúvidas. E o próprio Ronaldinho também deve querer voltar. Agora, tudo depende das artimanhas do presidente Daniel Nepomuceno e da boa vontade do seu empresário mercenário, o irmão Assis.

  Do RJ até BH são pouco mais de 400 km. É logo ali. Eu sei que você sente saudades! Volta para a torcida que te acolheu quando você mais precisava. Volta pra casa, Ronaldinho!






segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Jesús Dátolo e o canetástico

  Atlético-MG 3 x 1 Flamengo. 25 minutos do segundo tempo. A partida parecia definida. Eram esperadas poucas emoções pelos telespectadores. O Atlético controlava bem a partida e a vitória era questão de tempo. Foi então que a obra prima, que marcaria o confronto, tomou forma. Jesús Dátolo, que havia participado dos outros três tentos atleticanos, deixaria sua assinatura com maestria e se consolidaria como o principal jogador do jogo.

  O golaço, que sem dúvidas será um dos mais belos do torneio, ficará eternizado na mente da massa. O camisa 10 alvinegro desconsertou o lateral Pará, que foi parar bem longe, possivelmente no estado que carrega no seu sobrenome. Drible que remete ao seu antecessor, ídolo eterno da torcida, Ronaldinho Gaúcho. O número nas costas tinha a marca de um gênio e, no dia, estava abençoada. Para completar, um chute firme, no canto, sem chances para o goleiro. Toque com muita técnica que, para os jogadores de FIFA no vídeo game, foi um exemplo do quadrado + R1.


  Confesso que o drible me chamou a atenção. Assisti ao replay do lance inúmeras vezes para poder entendê-lo e tentar explicá-lo. O argentino, que é muito inconstante, tem momentos de craque e outros de pernas de pau. No jogo de ontem, fez uma atuação primorosa e a pintura apenas a coroou.

  A arte do meia foi digna de descrição e, talvez, até uma placa. Primeiro, puxou a bola para trás e, em questão de milésimos de segundos, a puxou para frente. Movimento inesperado por todos, até mesmo pelo marcador flamenguista, que deixou as pernas escancaradas, o que possibilitou que o armador pudesse completar a jogada com uma caneta. O lateral rubro negro tentou tirar a bola de todos os jeitos, mas Dátolo já estava bem a frente, livre para arrematar a gol.

  Uma espécie de elástico seguido de uma caneta. Logo, uma elastiqueta ou canetástico. Um drible inovador, que não merecia outro desfecho senão a bola na rede. Momento único para Jesús, que criou uma patente futebolística que certamente ficará marcada na história da bíblia, digo do futebol brasileiro.



sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O que pode ser feito para melhorar a arbitragem do Brasil?

  No campeonato brasileiro de 2015, uma questão aflige praticamente todos os times: as péssimas atuações do trio de arbitragem. Algumas equipes se sentem mais prejudicadas que outras, mas, de qualquer maneira, é necessário refletir sobre o que pode ser feito para que elas melhorem. É fundamental propor mudanças para que os atletas e os técnicos parem de reclamar e pensem apenas na parte técnica e tática no jogo, e a arbitragem se torne apenas um mero coadjuvante dentro da cancha.

Árbitros escoltados após o jogo são o símbolo do protagonismo que esses indivíduos assumiram no futebol do Brasil 
  
  O ponto principal a ser discutido é a desvalorização que esses indivíduos sofrem. No mundo do futebol, em que os salários passam da casa dos milhões, os donos do apito e da bandeira se sentem os “patinhos feios” da história. São muito mal remunerados, se comparados ao resto dos profissionais desse esporte, e exigem maiores ganhos pelos seus trabalhos.

  De fato, se todos reivindicam melhores rendimentos desse grupo, é essencial que as federações regularizem a profissão de árbitro. Assim, os responsáveis pela arbitragem não precisam ter outros empregos e podem se preparar mais para os torneios. Ademais, bonificações para quem apitar de forma correta, como ocorre com os atletas quando atingem metas estabelecidas pela diretoria, também são válidas, uma vez que os incentivam a sempre evoluir na condução da partida, agindo de forma honesta e coerente.

  Se errar faz parte da condição humana, mesmo com essas gratificações, alguns falhas serão inevitáveis. Dessa maneira, é preciso ponderar sobre a aplicação da tecnologia no futebol. O campeonato inglês pode servir de exemplo, pois utiliza um equipamento que verifica se a bola passou ou não da linha do gol. Se a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, adotar esse recurso, já é o primeiro passo para evitar algumas discussões extracampo que rondam o esporte bretão.

Goal-line technology já é adotada em alguns campeonatos ao redor do mundo, como o inglês
  
  Se aprovarem a ideia e quiserem avançar ainda mais nesse meio, os dirigentes podem se inspirar em outros esportes, como o tênis e o futebol americano. No primeiro, é possível que o jogador peça a ajuda da tecnologia para verificar se a bolinha bateu ou não dentro do campo adversário. Já no segundo, os times têm o direito de pedir, duas vezes durante um jogo, para que a arbitragem revise um lance duvidoso. Através de um televisor que mostra o momento por todos os ângulos possíveis, os árbitros podem analisar com mais calma e clareza, e tomam a decisão com muito mais certeza.

Árbitros do futebol americano revendo um lance polêmico com a ajuda da tecnologia 
  
  Para que essas intervenções eletrônicas sejam adaptadas para o futebol, é importante que seja discutida por profissionais para que atrapalhem o mínimo possível de um jogo. Uma sugestão pessoal é que seja adotado o direito dos times protestarem da decisão do juiz por 3 vezes durante uma partida. As autoridades poderiam rever a polêmica com mais detalhes e com todos os recursos envolvidos, como câmera lenta e imagem congelada, e, consequentemente, muitos erros seriam evitados.

  Profissionalização da arbitragem e uso da tecnologia são dois aspectos que podem ajudar, e muito, a polir esse empecilho que tanto incomoda os brasileiros. Mas isso tudo se torna irrelevante diante de um problema muito maior no futebol do país: as autoridades da CBF.

  Há pouco menos de um ano, falei sobre este assunto (você pode conferir o texto aqui ) e nada mudou. Na verdade, só piorou. Como que uma Confederação, em que o ex-presidente foi preso há poucos meses, pode passar um pingo de confiança? O futebol brasileiro é administrado por pessoas que são investigadas por envolvimentos em esquemas de corrupção, logo, o que se vê na principal competição da entidade é apenas  o reflexo disso.

  Em uma nação tomada por propinas e irregularidades, é difícil imaginar que os erros da arbitragem são apenas erros naturais. A polícia precisa apurar com afinco a CBF e punir quem for necessário. Depois disso, com pessoas sérias no comando, os árbitros terão o trabalho reconhecido, poderão evoluir e certamente não irão mais atrapalhar os jogos como está acontecendo.

  Com essas providências, o futebol brasileiro poderá voltar ao normal.  A torcida sairá do campo triste ou feliz, na maioria das vezes por culpa do resultado e do rendimento do time, e pouquíssimas vezes por interferência da arbitragem. O resultado de um campeonato será decidido pela competência da equipe vencedora e pelo seu esforço em conseguir as vitórias por conta própria. Os jogadores ficarão preocupados apenas em jogar bola e os técnicos em montar o esquema tático e melhorar o psicológico do time. E os incompetentes ex-árbitros, que conseguiram empregos como “comentaristas de arbitragem”, serão demitidos.

  

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O assalto no Horto

  No campeonato brasileiro de 2015, o Atlético-MG vive uma sina. Faz bons jogos, tanto dentro quanto fora de casa, mas sofre com diversos erros de arbitragem. Mas será que é apenas mania de perseguição ou realmente está sendo prejudicado?

  Depois de seguidas lambanças contra o seu time, o presidente atleticano, Daniel Nepomuceno, foi para a sede da CBF para exigir mudanças. Reclamou de falta de critério e pediu para que escalassem apenas árbitros Fifa nos jogos do Galo. Depois da conversa, imaginou que novos erros não aconteceriam. Mas o mais escandaloso ainda estava por vir.

  Vigésima segunda rodada do campeonato, estádio Independência. Como requisitado, o árbitro tinha o escudo da Fifa. Marcelo de Lima Henrique era seu nome. Este a torcida atleticana nunca irá esquecer. Entrará na lista negra, ou melhor, alvinegra depois do assalto que participaria horas depois. Se juntará a José Roberto Wright e Carlos Eugenio Simon em um grupo seleto e amado pela massa. Será homenageado em diversas oportunidades pela Galoucura e receberá muitos elogios em um improvável novo encontro.

  A operação do dia pareceu uma demonstração da década de oitenta para as novas gerações. O roubo foi escancarado, sem nenhum pudor. Todas aquelas histórias que avós e pais contavam de que “vocês nunca viram o que é roubar” se tornaram realidade. O Atlético, tantas vezes prejudicado, foi assaltado a mão armada, em pleno celeiro de casa, sem poder reagir.

  Em um filme de ação e aventura, detalhes como roteiro, vestimentas e maquiagem não são muitos importantes. Logo, em um jogo como o de hoje, a análise tática é dispensável. É preciso salientar as ações do vilão, que seriam os “erros” da arbitragem.

  Tudo começou com alguns impedimentos mal anulados. Chances claras de gol que não puderam ser finalizadas pelos atletas alvinegros. Depois, vieram os cartões, a grande maioria para os jogadores da casa. Faltava critério por parte do detentor do apito, que começava a se complicar.

  No fim do primeiro tempo, o primeiro ato do vilão veio à tona. Marcos Rocha foi expulso após reclamar com o árbitro. Cartão vermelho rígido, quase inacreditável. “Isso só acontece com o Galo” possivelmente foi o pensamento das pessoas que estavam na arquibancada no Horto.

  O grande ato, o clímax, aconteceu na segunda etapa do jogo. O antagonista, que fazia papel de palhaço, com diversas trapalhadas, entrou em cena mais uma vez. Marcou um pênalti inexistente, que surpreendeu até os jogadores adversários. Um verdadeiro sequestro, ou seria uma piada?

  A torcida atleticana ficou furiosa, e não era para menos. Assistia atônita seu time do coração ser roubado por um capacho qualquer. Um verdadeiro caso de polícia na vida real. Um filme de cinema com um fim melancólico na ficção. 

  Para o torcedor, a derrota pouco importou. O sentimento de impunidade falou mais alto. Até quando esses malefícios contra uma mesma equipe irão acontecer? Até quando o apito será o protagonista e a bola um mero coadjuvante nos jogos do Atlético?

  Faltam explicações dos cartolas da CBF. O complô contra a equipe mineira fica cada dia mais evidente. É preciso que os dirigentes do Atlético reajam imediatamente. Não podem aceitar calados um momento como esse. Precisam atender os protestos dessa torcida que tanto apoia e sofre.


  Agora, já são 7 pontos de diferença para o líder. O título, que não é conquistado há mais de 40 anos, parece cada vez mais distante. O Corinthians tem seus méritos, mas o que mais chama a atenção é o craque da competição até aqui: o árbitro.