Luan
Madson Gedeão de Paiva nasceu em São Miguel dos Campos, no Nordeste do Brasil,
no estado de Alagoas. O menino, que teve uma infância pobre e sofrida devido a
ausência dos pais, foi criado pela avó. Com esse início instável, poderia ter
ido para o mundo das drogas, mas escolheu o futebol. Tornou-se jogador
profissional e hoje vive o auge da carreira no Clube Atlético Mineiro, bem
distante da terra natal. Um futuro inesperado, mas que provavelmente já estava
prescrito mesmo antes da sua existência.
No século XIX, surgiu uma nova vertente da
filosofia contemporânea: o existencialismo. Seu maior objetivo era descobrir o
sentido da existência humana e teve como principais pensadores Heideger e
posteriormente Sartre. Este dissertou livros e mais livros sobre o tema e ficou
conhecido pela frase “a existência precede a essência”. Afinal, para ele, o
homem primeiro existe e só depois constrói a sua existência. Assim, um dos fundamentos
da sua teoria é que o ser humano não tem uma essência predefinida.
Sartre, desculpe-me, mas o Luan está aí, em
pleno século XXI, para refutar a sua tese. O baixinho nasceu, ou melhor, foi
criado para jogar no Atlético-MG. Sua essência é vestir o manto atleticano e
jogar em nome da nação alvinegra. Seu sangue é, de fato, preto e branco, e seu
sobrenome é Galo. O menino maluquinho pode ter deficiências técnicas em alguns
momentos, mas sua raça descomunal compensa, e como, e é isso que quer e encanta
o torcedor.
No jogo de ontem, na vitória por 2 x 1 contra
o Internacional, o símbolo atleticano mostrou novamente a sua essência. Correu
por todos os lados, ajudando no ataque e na defesa, e vibrou como se fosse seu
último jogo. No fim, na entrevista para a televisão, até se emocionou, como
todos os torcedores presentes no estádio, e desabafou o que estava entalado na
garganta. Aos prantos, dedicou a vitória à mãe de criação, sua avó, que já
faleceu, e à filha. Choro de alegria, que mostrou que ainda acredita no título.
Choro que simboliza sua luta e sua cumplicidade com a massa.
Luan é o camisa 27, mas poderia sem problemas
vestir o número 12, afinal, representa perfeitamente o décimo segundo jogador
da equipe, que é a torcida. Que ele continue acreditando no título, que a
torcida acreditará também. Que ele continue lutando em campo até a exaustão,
que a torcida continuará apoiando até ficar sem voz aos gritos de “Olé lé lé,
olá lá lá, o Luan vem aí e o bicho vai pegar”. Que ele continue justificando
sua essência, que os torcedores continuarão a torcer pelo Galo do berço até o
caixão.
Execelente texto, Henrique! Vc tem futuro no jornalismo... Abraços
ResponderExcluirObrigado, César! Abraço
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