quinta-feira, 6 de agosto de 2015

River Plate e o número 3: as três sobrevidas que o levaram ao tricampeonato da Libertadores

  River Plate x Tigres. Final da Libertadores de 2015. Jogo de volta. O primeiro jogo, no México, terminou empatado, 0 x 0. O estádio Monumental de Nuñes, na Argentina, foi o local do segundo confronto. E não poderia ser mais apropriado.

  A torcida milionária fez a festa desde o começo. Estádio lotado, bandeiras e camisas brancas e vermelhas, fogos de artifício e cânticos fervorosos. O estado de espírito do apaixonado torcedor estava no ápice, em êxtase. Desejavam o título como se valesse a vida. Gritavam e apoiavam até a garganta explodir, como se isso colocasse a bola dentro da rede adversária. Talvez imaginassem que, futuramente, colocaria...

  

  Após um começo de competição decepcionante, o River renasceu. E quem permitiu que isso ocorresse foi o adversário da final, o Tigres. Que ironia do destino! Na última rodada da fase de grupos, o time argentino precisava da vitória, além da ajuda da equipe de Monterrey. E foi o que aconteceu. Na bacia das almas, o River se classificou como pior segundo colocado e enfrentaria nas oitavas de final seu maior rival, que fazia campanha brilhante, o Boca Juniors.

  Um dos maiores clássicos do mundo tinha tudo para ser épico e emocionante. Mas, infelizmente, ficou marcado por um triste episódio. No segundo jogo, em La Bombonera, um “torcedor” do Boca jogou gás de pimenta no túnel de acesso ao campo quando os jogadores rivais estavam passando. Alguns atletas do River passaram mal e o jogo foi suspenso. Como consequência, o Boca Juniors foi eliminado e o River, que havia jogado melhor na maior parte do confronto, ficou com a vaga. E o time tricolor ganhou sobrevida novamente.

  Nas quartas de final, o River enfrentou uma equipe tradicional do Brasil, o Cruzeiro. No primeiro jogo, na Argentina, a equipe mineira venceu por 1 x 0. A classificação argentina parecia distante, e a imprensa sul-americana já a considerava improvável. Reverter o resultado no Mineirão com o fraco futebol apresentado na partida de ida parecia algo dificílimo de acontecer.

  Mas a torcida do River ainda acreditava e compareceu em peso em Belo Horizonte. E com certeza não se arrependeu. O time argentino fez uma excelente partida e goleou o Cruzeiro. O placar de 3 x 0 mostrou o que foi o jogo: um baile, ou melhor, um tango argentino. Pela terceira vez, o River renascia. Parecia um presságio que o tricampeonato estava por vir.

  Depois de tantos momentos emocionantes e sufocantes, a final da competição se tornou apenas mais um jogo para o River. A vitória por 3 x 0 não representou a partida, que foi muito equilibrada. Mas o futebol sempre surpreende e, em muitas ocasiões, não é um esporte justo.

  Com muito mérito, o River Plate conquistou o título. Não apresentou o melhor futebol, mas quem disse que isso é necessário na Copa Libertadores? É um torneio único, que vangloria a raça e o espírito de luta das equipes. É uma competição em que o improvável se torna possível e o grito da torcida faz a diferença. Que o diga a torcida milionária.


  Viva o verdadeiro futebol. Viva a torcida que pulsa na arquibancada. Parabéns ao Clube Atlético River Plate, que mostrou, mais uma vez, que não é recomendado dar sobrevidas a uma gigante na Copa Libertadores da América.
                                             

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