Dia 4 de junho. Em pleno feriado nacional, o Aeroporto Tancredo
Neves apresentava certo movimento. Pessoas apressadas por todos os cantos.
Diversos destinos e muitos propósitos.
Eu estava indo em direção à
sala de embarque quando avistei alguns homens uniformizados. Rapidamente os
identifiquei. Era o time do Flamengo, que havia perdido para o Cruzeiro no
Mineirão, na noite anterior e estava voltando para o Rio de Janeiro. Desfilavam
cabisbaixos, com headphones e malas de marca. Atraíam a atenção de algumas
pessoas, que os paravam para tirar fotos, mas que rapidamente se dispersavam.
Na espera do avião,
sentaram em grupo próximo a uma livraria, e eu me aproximei. No meio de tantos
nomes conhecidos, um me chamava a atenção. Era o Alecsandro, que estava no
elenco do Atlético-MG na conquista da Copa Libertadores de 2013. Ele estava na
última cadeira de uma fileira e mexia no celular com certa frequência.
Eu o observava e ameaçava
iniciar um contato. Para despistar, entrei na livraria em frente e comecei a
folhear alguns livros. Mas meu instinto jornalístico falou mais alto e, após
algum tempo, decidi iniciar uma conversa.
- Alecsandro, parabéns pela
Libertadores de 2013! – eu disse enquanto esticava a mão para cumprimentá-lo.
Ele tomou um breve susto
(possivelmente não esperava a aproximação), desligou o celular e levantou a
cabeça agradecendo com um sorriso no canto da boca.
- Eu sofri muito com aquele
gol no fim da partida de ida da final no Paraguai. Ainda mais presenciando o
lance ao vivo! – eu exclamei com certa empolgação.
Ele levantou as
sobrancelhas com um ar de espanto ao perceber que não estava conversando com um
simples simpatizante.
- E depois no jogo de
volta, me lembro que você quase fez o gol do título na prorrogação. Poderia ter
ido de vilão a herói! – eu complementei, com um comentário um pouco polêmico,
mas que arrancou momentos nostálgicos em seu pensamento, uma vez que ele
começou a detalhar o lance enquanto eu ainda estava falando.
- Mas no final deu tudo
certo! – ele disse com um olhar mais alegre com orgulho da conquista.
De fato, Alecsandro foi
muito importante nesse torneio. Converteu o pênalti na semi-final contra o
Newells e na grande final contra o Olímpia.
Após alguns segundos de
silêncio, toquei em um assunto mais decepcionante.
- E o Mundial de Clubes? O
que aconteceu?
- Não deu, cara. Nada deu certo naquele jogo. –
ele lamentou.
A derrota de 3 x 1 para o
Raja Casablanca foi um banho de água fria para o Atlético. Não ter alcançado a
final da competição foi frustrante para todos.
- Será que ter chegado para
o Mundial muitos dias antes do jogo atrapalhou? – eu questionei (o time
atleticano foi para o Marrocos sete dias antes da semi-final e realizou apenas
treinamentos na cidade do torneio).
- Pode ser. Mas o time
deles era bom e, em um torneio eliminatório de jogo único, tudo pode acontecer!
– e a cara dele fechou. Não ter ganho o Mundial em 2010 e nem em 2013 pode ter
deixado mágoas profundas. Um jogador vitorioso como ele deve lamentar muito
quando perde competições que nunca conquistou.
- Tá de malas prontas para
o Palmeiras? – foi minha última pergunta, que tinha o propósito de apenas
confirmar uma notícia espalhada pela mídia.
- Não! Vou ficar no
Flamengo! – imediatamente após pergunta, ele ficou sério e parecia não querer
falar sobre o assunto.
A resposta de Alecsandro
foi compreensiva, mas me surpreendeu. Eu não imaginava que seria tão difícil
conseguir depoimentos e informações de um jogador em uma conversa informal.
Talvez se eu tivesse um microfone de um canal na mão teria mais sucesso.
Eu o parabenizei novamente
e finalizei o diálogo. Apesar de poucas palavras, foi muito atencioso e
educado. Demonstrou a todo momento muita calma e tranquilidade, o que
certamente precisou nas cobranças de pênalti que o fizeram entrar para a
história do Atlético- MG.
A exemplo de Alecsandro,
muitos jogadores que participaram da Libertadores de 2013 pelo Atlético se
foram. Mas suas trajetórias ficam na história do clube. E isso os une
eternamente aos torcedores que vivenciaram aquele momento.
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