quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um encontro inesperado com Alecsandro


  Dia 4 de junho. Em pleno feriado nacional, o Aeroporto Tancredo Neves apresentava certo movimento. Pessoas apressadas por todos os cantos. Diversos destinos e muitos propósitos.

  Eu estava indo em direção à sala de embarque quando avistei alguns homens uniformizados. Rapidamente os identifiquei. Era o time do Flamengo, que havia perdido para o Cruzeiro no Mineirão, na noite anterior e estava voltando para o Rio de Janeiro. Desfilavam cabisbaixos, com headphones e malas de marca. Atraíam a atenção de algumas pessoas, que os paravam para tirar fotos, mas que rapidamente se dispersavam.

  Na espera do avião, sentaram em grupo próximo a uma livraria, e eu me aproximei. No meio de tantos nomes conhecidos, um me chamava a atenção. Era o Alecsandro, que estava no elenco do Atlético-MG na conquista da Copa Libertadores de 2013. Ele estava na última cadeira de uma fileira e mexia no celular com certa frequência.

  Eu o observava e ameaçava iniciar um contato. Para despistar, entrei na livraria em frente e comecei a folhear alguns livros. Mas meu instinto jornalístico falou mais alto e, após algum tempo, decidi iniciar uma conversa.

  - Alecsandro, parabéns pela Libertadores de 2013! – eu disse enquanto esticava a mão para cumprimentá-lo.
 
  Ele tomou um breve susto (possivelmente não esperava a aproximação), desligou o celular e levantou a cabeça agradecendo com um sorriso no canto da boca.

  - Eu sofri muito com aquele gol no fim da partida de ida da final no Paraguai. Ainda mais presenciando o lance ao vivo! – eu exclamei com certa empolgação.

  Ele levantou as sobrancelhas com um ar de espanto ao perceber que não estava conversando com um simples simpatizante.

  - E depois no jogo de volta, me lembro que você quase fez o gol do título na prorrogação. Poderia ter ido de vilão a herói! – eu complementei, com um comentário um pouco polêmico, mas que arrancou momentos nostálgicos em seu pensamento, uma vez que ele começou a detalhar o lance enquanto eu ainda estava falando.

  - Mas no final deu tudo certo! – ele disse com um olhar mais alegre com orgulho da conquista.

  De fato, Alecsandro foi muito importante nesse torneio. Converteu o pênalti na semi-final contra o Newells e na grande final contra o Olímpia.

  Após alguns segundos de silêncio, toquei em um assunto mais decepcionante.

  - E o Mundial de Clubes? O que aconteceu? 

- Não deu, cara. Nada deu certo naquele jogo. – ele lamentou.

  A derrota de 3 x 1 para o Raja Casablanca foi um banho de água fria para o Atlético. Não ter alcançado a final da competição foi frustrante para todos.

  - Será que ter chegado para o Mundial muitos dias antes do jogo atrapalhou? – eu questionei (o time atleticano foi para o Marrocos sete dias antes da semi-final e realizou apenas treinamentos na cidade do torneio).

  - Pode ser. Mas o time deles era bom e, em um torneio eliminatório de jogo único, tudo pode acontecer! – e a cara dele fechou. Não ter ganho o Mundial em 2010 e nem em 2013 pode ter deixado mágoas profundas. Um jogador vitorioso como ele deve lamentar muito quando perde competições que nunca conquistou.

  - Tá de malas prontas para o Palmeiras? – foi minha última pergunta, que tinha o propósito de apenas confirmar uma notícia espalhada pela mídia.

  - Não! Vou ficar no Flamengo! – imediatamente após pergunta, ele ficou sério e parecia não querer falar sobre o assunto.

   A resposta de Alecsandro foi compreensiva, mas me surpreendeu. Eu não imaginava que seria tão difícil conseguir depoimentos e informações de um jogador em uma conversa informal. Talvez se eu tivesse um microfone de um canal na mão teria mais sucesso.

  Eu o parabenizei novamente e finalizei o diálogo. Apesar de poucas palavras, foi muito atencioso e educado. Demonstrou a todo momento muita calma e tranquilidade, o que certamente precisou nas cobranças de pênalti que o fizeram entrar para a história do Atlético- MG.

  A exemplo de Alecsandro, muitos jogadores que participaram da Libertadores de 2013 pelo Atlético se foram. Mas suas trajetórias ficam na história do clube. E isso os une eternamente aos torcedores que vivenciaram aquele momento.







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