quinta-feira, 7 de maio de 2015

A mística do Horto

  Belo Horizonte. Bairro do Horto. Estádio Independência. Onde o imprevisível acontece. Onde o “eu acredito” se tornou o mantra.  Onde o Atlético se libertou dos azares do passado e a sorte passou a andar ao lado.

  Local místico, assustador. O formato de ferradura atrai os gols atleticanos e a massa amedronta os adversários. O revés é quase inevitável. O enterro é logo ali. Mas há quem sobreviva...

  Oitavas de final da Copa Libertadores. Jogo de ida do confronto Atlético x Internacional. Diferente dos anos interiores, o time alvinegro iria ser o mandante do primeiro jogo. Assim, não poderia repetir as incríveis viradas no jogo de volta. Ao menos que faça isso na casa do adversário, o que nesse confronto será necessário.

  Perguntado pelos repórteres antes do jogo, Diego Aguirre, técnico do colorado, afirmou que não conhecia a máxima do “caiu no horto, tá morto” por ser estrangeiro. Ao postar o time de maneira defensiva deixando na reserva estrelas do ataque como D`Alessandro, agiu de maneira contraditória. Não escondeu que um empate seria ótimo resultado e isso justifica a tática escolhida.

   O início da partida foi o melhor dos mundos para Aguirre. O Inter abriu o placar logo no primeiro minuto com Lisandro López. O argentino, que fazia sua estreia na competição, aproveitou erro de passe de Marcos Rocha para chutar fraco, mas no canto e superar o goleiro Victor.

  O tento colorado foi um banho de água fria para o time atleticano. Mesmo assim, o galo seguiu ao ataque e quase empatou com um belo chute (de novo) de Rafael Carioca. A bola bateu na trave e arrancou suspiros do torcedor na arquibancada, que voltou a apoiar o time. Minutos depois, os gritos surtiram efeito, e o Atlético igualou o jogo. Lucas Pratto, um guerreiro em campo, lutou pela posse de bola na entrada da área de ataque e arriscou o chute, que bateu no defensor e sobrou para o lateral Douglas Santos, que não desperdiçou. Arremate preciso, no canto. O galo voltava ao jogo.

   A partida continuou parelha e o empate persistia no placar. O Atlético pressionava mais, mas o Inter fazia uma bela marcação nas laterais e impedia que o ponto forte alvinegro entrasse em ação. As movimentações ofensivas de Luan e Marcos Rocha eram anuladas, e o Galo só investia na outra ponta, que não tinha o mesmo poder de decisão. Além disso, Alisson, goleiro colorado, estava em noite inspirada e fazia belas defesas.

   Os torcedores alvinegros pediam mudanças no time, mas Levir não os atendia. Enquanto isso, Aguirre realizou duas substituições que mudaram o rumo da partida. D’Alessandro entrou e, imediatamente, ajeitou a bola para bater a falta. Valdivia também adentrou o gramado e foi direto para a área. O camisa 10 cruzou a bola na cabeça de Alan Costa, que ajeitou para Valdivia cabecear pro fundo das redes.


  Só após o gol do Internacional que Levir atendeu o desejo do torcedor. Jô e Giovani Augusto entraram, e o Atlético foi para cima. Foram inúmeras chances criadas e outras grandes defesas de Alisson. O time atleticano ocupava o campo adversário e o gol de empate parecia questão de tempo. Léo Silva virou atacante e não havia mais tática. Depois de Victor e Guilherme, foi a vez do capitão realizar um milagre nos acréscimos da partida. Após lateral de Marcos Rocha, a bola sobrou na área e o zagueiro fuzilou pro fundo do gol. A mística do Horto aparecia mais uma vez. O enredo de cinema da história recente do Atlético ganhava mais um capítulo. 2 x 2 épico e emocionante. O galo ganha sobrevida e ainda acredita.

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